Acaba mais um ano, um ano de sinfonia interior, que toca em
acordes de descoberta.
Um ano de fome, fome de luz, onde a resposta não tem pergunta.
Poderei acordar dessa realidade?
É possível compreender o valor de cada respiração, reconhecer o anseio pela vida?
Não quero parar para pensar...se o fizer jamais alcançarei aquele que o não fez.
Uma história sem fim ou um sonho acabado...()
()...entre o egoísmo e o altruísmo está um mar intransponível, está a dúvida da
condição de Voltaire; a Aventura e as novas Descobertas ou o Naufrágio!
Naveguei em mares revoltos, percorri desertos de areia, dormi em luas de cristal
e amei ventos na tempestade...sonho ou realidade.
Vou acordar, parar e pensar, se não o fizer, fugirei de mim para sempre...
Vou beber dessa luz que afinal me trouxe aqui, que afinal, sempre me guiou!
Vou olhar para mim e ver o que ficou...
Hoje,
vou pintar de cor este olhar,
devolver-lhe o brilho tom de prata,
envolver um grão de mar,
porque estender a mão não mata.
Vou entrar para ver,
teu olhar, que não é gente
e se perde sem prazer
num lago de vida,
tão diferente.
Hoje,
vou abrir palavras de inverno
entre coragem e cobardia,
vou estampar alegria,
esconder a tristeza e oferecer o meu sorriso...concerteza!
O nó apertou...separou as nossas metades...
Ficam presas por um laço,
Fico eu, ficas tu, fica a dor...
Mas fica também o nosso amor.
Vou fechar este livro
este jardim de doces flores.
Vou guardar esta história em pétalas de ti,
arrancar as ervas e os odores
que de morte me cansaram
e sentir que não morri.
Não me despeço de ti
não me despeço de mim
sigo pelo caminho que desisti
porque esse sou eu e eu sou assim.
Os Laços são fortes e eternos;
Se um dia o nosso amor se encontrar
num jardim de mil encantos
serás tu, minha princesa,
a mulher que eu vou amar.
Deixo sacos por abrir, de sonhos de amor que vivi a dormir.
As almas gémeas quase nunca se encontram, mas, quando se encontram, abraçam-se...
Sente a fina linha que nos atravessa
e guarda-a junto a ti,
ela sela a promessa
de nos acharmos aqui.
E se outra houver que te impeça,
no caminho de onde vim
segue o rasto e o resto, que deixo de mim.
Vi mãos que se perdem
brancas e abertas
presentes e escondidas
mãos que recebem
nossas mãos amigas.
São mãos quentes e frias
do passado e do presente
e na simplicidade de um toque,
vi mãos que se beijam desesperadamente...
Les amours finissent un jour,
Les amants ne s'aiment qu'un temps,
Mais nous deux, c'était différent :
On aurait pu s'aimer longtemps, longtemps, longtemps.
Georges Moustaki
Da espuma fria do mar, surges em fogo ardente
Arranco a chave perdida no peito
Que encerra anseio emergente, e nele me revelo...suavemente.
Encantado por tal cinturão, seduzido por uma fita bordada
Confio em ti todo o feitiço, porque hoje serás amada.
O céu tinha um brilho que me guiava sem direcção.
Caminho entre dunas de grãos de areia onde nada se precipita e
sinto o calor que se liberta por entre planícies de desejo e paixão.
Sacio agora a minha sede nesse lençol que atinge a superfície em forma de oásis.
Bebo desse sal capaz de sustentar uma vida e volto a esculpir o prazer.
Escorregas em mim pela alma até me sentires morrer.
Este é o lugar para se ser um só
o sítio de tudo sentir;
uma noite dourada, uma estrela a cair.
Aqui, longe do sol
onde os sons do além se calam
e o céu se funde sem horizontes,
há conversas de aves que falam.
E perto, outro mundo me escapa...
não corro, não grito, quero o brilho que me toca
desse tapete de prata.
...Fecho os olhos e sinto-me preso, a tua mão procura a minha.
És a minha concha e eu estou em ti.
Protejo a coragem que me escapa dos braços e se precipita no declive desprotegido.
É perigoso, pode vir um sopro de vento...E voaste, sem receio te perdeste e sem medo me rendi.
O meu rosto afagas para sempre em cada sopro de ti!
...Liberto-me do fardo e viajo num comboio de sol.
Queria espreitar para chegar a ti. E espreitei;
Filtro a luz que me cega a razão,
Procuro o tesouro no escuro do teu reflexo,
Abafo os suspiros do coração
e vejo pontes sem regresso.
Chego mais perto e olho o que não vi;
A doce claridade da emoção
que brilha na simplicidade do teu olhar,
Um peito aberto na tua mão
e duas asas para voar.
E voei...
A maré chegara pela manhã para me despertar a embriaguês.
Sinto-me cansado...
Entrego-me sem resistência ao mar
e sinto o peso de um resgate permitido.
Uma parte de ti crescera em mim, um amor de grãos de areia construído.
Como pesa essa fronteira,
Como pesas tu em mim...
No fim da noite, ouvi o Outono chegar.
Vinha disfarçado de vento quente que arrastava folhas secas pelo parque... e eu soube que não tinha partido contigo. Trazia memórias de sorrisos trocados, de lindas praias, de céus estrelados e cavalos encantados.
Naquele banco de jardim, as folhas secas contaram-me uma história...
Viajas no meu pensamento em brisas de vento fresco e nas minhas veias corre esse mar que não quero perder, mas às vezes não ganho.